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Se a Huawei fosse banida, o que aconteceria com o 5G no Brasil?

Por| 09 de Novembro de 2020 às 19h30

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Imagem: Camila Rinaldi/Canaltech
Imagem: Camila Rinaldi/Canaltech
Tudo sobre Huawei

A quinta geração de redes móveis tem tudo para ser uma revolução mundial. E, ao contrário do que muitos pensam, isso não se deve apenas à velocidade, mas à latência.

Sobre o primeiro ponto, o 5G deve entregar velocidades muito mais altas do que o 4G — a expectativa é de que seja dez vezes mais rápida e atinja picos de 10 gigabits (Gb) por segundo. Hoje, o ápice é de 1 GB por segundo. Isso significa que a conexão que você usa a 10 megabits por segundo hoje em dia pode se transformar em 100 Mb por segundo nos próximos anos. Ou seja, filmes, músicas e games, mesmo os mais pesados, serão baixados em questão de segundos.

Agora, o grande diferencial do 5G será mesmo a latência. Ou seja, a quantidade de tempo que um comando leva para ser transferido de um ponto a outro. Em outras palavras, é o tempo de resposta quando você envia, por exemplo, um comando do seu smartphone para a uma rede de dados e recebe a devolução dessa ordem. Algo que precisa ser, claro, muito rápido. No 5G, essa taxa de latência será de 1 milissegundo (ms) - para efeito de comparação, no 4G, essa taxa é de 50 ms.

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Logo, o combo alta velocidade + baixa latência, o 5G permitirá que uma série de novas tecnologias finalmente ganhe as ruas. Os tão prometidos carros autônomos ou as casas conectadas se tornam uma realidade mais palpável. Bem como o aumento de dispositivos conectados à Internet das Coisas, que gerarão dados em quantidades abissais. E isso é só o começo.

Contudo, apesar de toda revolução que o 5G pode promover, é claro que ele não poderia chegar sem uma dose de drama em boa parte do mundo. E isso inclui o Brasil.

Envolvido em uma guerra comercial e tecnológica com a China, o presidente dos EUA, Donald Trump, tem pressionado países aliados a não envolverem a Huawei na montagem de seus redes de quinta geração. Isso porque Trump acusa a companhia de praticar espionagem dos cidadãos em países em que seus equipamentos de telecom estão presentes, enviando esses dados para o governo chinês. Essa pressão vem dando resultados, com muitas nações abandonando a Huawei pelo caminho.

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No Brasil, o assunto está ganhando contornos ainda mais dramáticos. Além do leilão das frequências do 5G só acontecer em abril ou maio de 2021, as operadoras e outras interessadas não sabem se poderão contar com a Huawei no processo. Em outubro deste ano, o presidente Jair Bolsonaro deu os primeiros sinais de que poderia proibir os chineses de participarem do 5G local.

O problema é que a Huawei está presente em boa parte da infraestrutura de telecom brasileira desde o 3G, sendo uma das fornecedoras mais importantes das operadoras brasileiras. Logo, caso a companhia seja banida no país, isso poderia gerar uma séria dor de cabeça para todos os envolvidos: eu, você e o país inteiro. Isso inclui atrasos, serviço mais caro e outras dores de cabeça.

Para explicar melhor o que pode acontecer com o 5G brasileiro caso a Huawei seja banida do Brasil, o Canaltech conversou com diferentes profissionais do setor, entre consultores, especialistas em telecomunicações, diretores de entidades representativas e CEOs de operadoras. Dada a sensibilidade do tema, alguns pediram anonimato, mas autorizaram a publicação de suas análises sobre o atual cenário. Confira o que pode vir pela frente.

O governo brasileiro pode banir a Huawei?

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Um dos consultores especializados em telecom ouvidos pelo Canaltech afirmou que se Bolsonaro, de fato, quiser proibir a participação da Huawei, ele terá de encarar uma briga política:

"O presidente não tem instrumento legal para banir a Huawei do mercado brasileiro", afirmou ele. "Para levar essa proibição em frente, ele precisará, inclusive, passar pelo Congresso Nacional, o que significa encarar uma briga política que pode atrasar ainda mais a chegada do 5G por aqui. Ele precisa avaliar se isso vale a pena." 

Já para um executivo de uma entidade representativa do setor de telecom, banir a Huawei é algo totalmente contraditório ao discurso liberal que ajudou a eleger o atual governo: "Quando pegamos o discurso econômico do governo, é um discurso liberal para tornar o ambiente mais propício ao investimento. Logo, banir a Huawei seria contraditório. O sucesso do telecom no Brasil é justamente não ter a interferência do governo. E a Anatel regula isso muito bem via Lei Geral das Telecomunicações".

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Já Vitor Cavalcanti, diretor-executivo do Movimento Brasil Digital (MBD), acredita que atrasar a discussão ou politizar o tema só gera prejuízos para a sociedade brasileira:

"Estudo divulgado pelo MBD mostra que, até 2024, se tudo sair como planejado, leilão nas datas e operações dentro das normas técnicas, teremos, pelo menos, US$ 2,5 bilhões de investimentos em infraestrutura. [...] Isso pode se traduzir em mais de 200 mil empregos, além de US$ 23 bilhões em oportunidades de negócios B2B envolvendo cloud computing, internet das coisas, robótica, inteligência artificial, big data. O Brasil precisa entender que postergar ou dificultar o processo de implantação de 5G pode significar deixar passar um trem de oportunidades", afirmou ele.

Quem pode fornecer infraestrutura para o 5G brasileiro?

Outro executivo ouvido pelo Canaltech, com passagens por diversas empresas fornecedoras de equipamentos de telecom, afirmou que na era do 3G, Huawei e Ericsson detinham cerca de 90% de market share da infraestrutura das operadoras que prestavam os serviços. No 4G, esse cenário tornou-se um pouco mais equilibrado, com ambas as empresas detendo cerca de 70% dessa participação e dividindo o mercado com outras empresas, principalmente a Nokia.

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Com isso, em caso de saída da Huawei, a fabricante finlandesa poderia ocupar essa posição. "Cada operadora trabalha com dois fornecedores de equipamentos, é uma prática padrão. Até, justamente, para ter um backup em caso de dificuldades de fornecimento de um, ela pode apelar para outra".

Além disso, outras empresas estão analisando a situação do 5G brasileiro para tentar entrar nesse mercado: "A Samsung tem uma tecnologia pronta para o 5G, entrou no mercado americano e hoje é a terceira força. A NEC (Japão), que tem uma premissa em não entrar nos mesmos mercados em que os chineses atuam, também pode participar caso a Huawei seja banida do Brasil. Até mesmo a Rakuten, também do Japão, vem acompanhando o cenário do 5G brasileiro".

Um mercado de infraestrutura multimarcas é corroborado por Luciano Sabóia, gerente de Pesquisa e Consultoria de TIC, da IDC Brasil. Segundo ele, há diversos outros players comercializando produtos e serviços de infraestrutura para as teles Brasileiras.

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"As redes são compostas por diversas camadas e serviços como voz fixa, dados fixos e mobilidade, e há uma grande composição de fornecedores aí", afirmou ele. "Dentro dos players temos redes de acesso, interface aérea, transmissão ótica, orquestração das redes, entre outros. Então reduzir a dois players me parece equivocado".

O 5G da Huawei é, de fato, mais avançado e mais barato?

Todos os especialistas ouvidos pelo Canaltech foram unânimes ao falar que a Huawei leva uma vantagem tecnológica por investir em desenvolvimento e pesquisa do 5G há mais tempo que a concorrência. Por isso, a empresa chinesa detém um número de patentes muito maior que as suas concorrentes, o que a coloca em uma vantagem mercadológica relevante, pelo menos antes da pressão iniciada por Donald Trump.

Na questão do preço, as fabricantes chinesas são mais baratas por uma questão essencial: elas também financiam a venda de seus equipamentos.

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"Além do suporte nos projetos, testes, validações, implantação até a entrada em operação, há uma importante linha de crédito que vem acompanhada quando se trata negociações vultuosas como essa", afirmou Sabóia, do IDC. "E é uma prática que ocorre não só para as teles brasileiras, mas sim uma prática de mercado no mundo".

O ex-executivo das fornecedoras ouvido para essa matéria afirmou que esse financiamento das companhias asiáticas é essencial para as operadoras:

"Elas [as operadoras] sabem que o crédito, que o dinheiro chinês é o mais barato do mundo. Há taxas subsidiadas pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB), que oferece linhas de crédito muito mais baratas", afirmou. "Nos EUA e Europa, essas linhas são muito mais caras, coisa de 5%, 6% mais caras ao ano. Nesses países, o público financiando o privado no setor de telecom é inviável. Não é como acontece na China. Por uma questão até cultural, eles não têm pressa de ver o retorno do seu investimento, eles pensam décadas a frente. Os chineses preferem apostar muito mais em um relacionamento de longo prazo", completa.

As redes de telecomunicações têm brechas que permitem a espionagem?

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O ex-executivo das fornecedoras de infraestrutura ouvido pelo Canaltech foi taxativo. Segundo ele, por mais que as empresas não assumam, todos os equipamentos vendidos por elas trazem um backdoor - uma porta de acesso ao sistema, que foi criada a partir de um programa instalado que não foi autorizado pelo proprietário da plataforma e que permite o acesso ao computador por pessoas não autorizadas.

"Ter um backdoor é necessário até por uma questão técnica", afirmou ele. Em caso de falhas graves, todas as empresas e operadoras usam esse backdoor — e não o front end — para resolver o problema com mais rapidez. Mas nenhuma delas vai admitir isso".

A observação do executivo é corroborada por Mário Moura, diretor de negócios do Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação (IGTI). Segundo ele, a existência desse backdoor é essencial:

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"A prioridade [das operadoras] é garantir a capacidade de comunicação do seu cliente, seja ele uma empresa, ou um usuário em casa", afirmou. "E por um backdoor, problemas mais sérios são resolvidos muito mais rapidamente. Eles estão lá. O que interessa é a forma como elas protegem essas entradas de acessos indevidos". 

Logo, se existem brechas, as chances de espionagem são reais? Sim, mas, segundo um dos especialistas ouvido para essa matéria, a responsabilidade de manter os equipamentos protegidos é das operadoras. "O fato é que casos de espionagem são comuns. A Huawei não criou essa prática e não é a saída dela que vai mudar isso", declarou. "As empresas de telecom, principalmente as operadoras, conseguem criar medidas de segurança sólidas para evitar problemas de invasão. Isso não é uma obrigação da Anatel, que pode apenas criar os parâmetros de segurança. É preciso investir para manter todos os dados seguros e existem soluções para isso. São caras, mas necessárias".

A saída da Huawei pode prejudicar a inclusão digital no Brasil?

Se você nunca ouviu falar do termo "operadoras competitivas", aqui vai uma breve explicação: são todas as prestadoras de serviços de conexão à internet, com exceção das quatro maiores: TIM, Claro, Vivo e Oi. Para se ter uma noção da importância das operadoras competitivas no Brasil, eis alguns números divulgados pela consultoria Teleco, referentes ao segundo trimestre de 2020:

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  • Elas lideram o crescimento de redes de fibra ótica (FTTH) no Brasil, com 63% do total de acessos a partir desta tecnologia;
  • Em fevereiro de 2019, a velocidade média das ofertas de banda larga fixa das competitivas já era superior a da Vivo e da Oi;
  • No quesito abrangência, as operadoras competitivas estão presentes em 2.900 municípios brasileiros;
  • Elas têm 37% de market share nos serviços de banda larga fixa;
  • Elas contam com 400 mil quilômetros de fibra ótica;
  • Possuem 13.500 fornecedores de acesso à internet (ISPs).

Com todos esses números, as competitivas olham um eventual banimento da Huawei com preocupação. Isso porque boa parte delas usa os equipamentos da empresa chinesa em sua infraestrutura. Logo, a saída da Huawei poderia prejudicar a atuação dessas empresas, além de encarecer os investimentos.

"Grande parte das operadoras competitivas usa equipamentos da Huawei, que é uma empresa muito mais evoluída tecnologicamente, inclusive no 5G, além de uma base bem consolidada", afirmou ao Canaltech, Rui Gomes, CEO da UM Telecom, operadora que possui 16 mil quilômetros de fibra ótica, que cruza do Piauí à Bahia.

Segundo o executivo, a UM Telecom olha em duas frentes quando falamos em 5G: o leilão de frequências — em que participará em um consórcio com outras duas operadoras — e os equipamentos. Nesse último, a participação da Huawei é essencial. Isso porque são as competitivas que podem acelerar a implementação da rede de quinta geração no país, graças a sua rede de fibra ótica, essencial para conectar as torres 5G.

"As grandes operadoras dependem da nossa rede de fibra ótica para fazer o swap, ou seja, usar a nossa estrutura de fibra para levar seus serviços", declarou Gomes. "E caso a Huawei deixe de fornecer equipamentos para a nossa rede, teremos de buscar outros fornecedores, que serão mais caros. E não podemos esquecer que o 5G exigirá um número muito maior de antenas se comparado ao 4G. Logo, teremos de cobrar mais caro das outras operadoras, que também devem repassar esses custos para o consumidor", completa.

Ainda que a saída da Huawei seja incerta, as operadoras competitivas já procuram alternativas. Quem garante é João Moura, presidente executivo da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço das Telecomunicações Competitivas (TelComp).

"A maioria do nosso grupo, mais focada em redes de atacado e de longa distância, está olhando todos os fornecedores, inclusive a Huawei, mas também Juniper, Ciena, entre outras", afirmou. "Nós estamos seguros de que haverá leilão do 5G para blocos regionais e as operadoras competitivas participarão. Além disso, nossos associados são os que mais investem em fibra e o 5G depende de fibra. Logo, poderemos oferecer os mais diversos tipos de serviço, para os mais diversos públicos".

Em meio a esse cenário, uma possível saída da Huawei pode prejudicar a inclusão digital no Brasil, bem como o acesso ao 5G. Isso porque as operadoras competitivas têm atuação, majoritariamente, regional. E elas são de suma importância para inclusão digital, já que chegam em regiões brasileiras que não interessam às grandes operadoras.

Dito isso, com a perspectiva de pagar mais caro por equipamentos de infraestrutura, seu poder de investimento no leilão de frequências diminui, bem como os custos adicionais podem ser repassados aos seus clientes, sem contar com uma demora maior para implementar uma rede de quinta geração.

Caso a Huawei saia, o 5G ficará mais caro no Brasil? 

Entre as fontes ouvidas pelo Canaltech, a resposta também é unânime. Caso a Huawei saia do país, o 5G brasileiro ficará mais caro, podendo ainda sofrer atrasos na sua implementação.

"Sem a linha de crédito oferecida pelas empresas chinesas, as operadoras precisarão negociar com outros fornecedores, como Nokia e Ericsson, que não conseguem oferecer equipamentos a taxas mais baixas e parcelas a perder vista", afirmou o ex-executivo das fornecedoras de infraestrutura. "Some isso aos elevados impostos que os serviços de telecomunicações são taxados no Brasil. Em média, temos de pagar 40% de tributos em nossas contas de internet e telefonia. Em Roraima, essa incidência chega a 67%. Além disso, as operadoras terão de fazer revisão de equipamentos, de software... tudo isso implica em custos. E como o governo não deve auxiliar no financiamento de nada disso, não há fórmula mágica: os custos adicionais serão repassados para o consumidor e para os clientes corporativos". 

Luciano Sabóia, do IDC, concorda que a redução de competitividade no fornecimento das soluções para as teles pode culminar em preços menos competitivos e uma marcha mais lenta de implantação e adoção. No entanto, ele não acredita que os custos de troca de equipamentos sejam tão altos: "É pouco provável que se chegue a um caminho de troca de infraestrutura. O setor de telecomunicações sempre parte da premissa de compatibilidade e aproveitamento dos recursos existentes."

Já para Mário Moura, do IGTI, um eventual aumento de custos na adoção do 5G se dará principalmente na questão do financiamento por parte das fornecedoras e pela capacidade de investimento das operadoras:

"É preciso ver quem terá mais bala na agulha para suportar esse investimento. Nokia e Ericsson não têm o poder de fogo da China, que tem financiamento público por trás", afirmou. "Elas podem suprir a demanda, mas cobrarão mais caro. E as teles vão adaptar seus orçamentos a isso, já que ainda terão de desembolsar pelas frequências do 5G. Logo, as operadoras não vão deixar de investir no 5G, mas podem tornar a implementação mais lenta, baseado no que elas podem gastar". 

Por fim, para João Moura, da TelComp, os preços do 5G dependerão, basicamente, do leilão das frequências: "O desenho do leilão vai equilibrar preço, com exigências de cobertura. Será necessário um equilíbrio nesse ponto, com exigências de coberturas razoáveis, já que o 5G exigirá um investimento maior. Se o preço for muito alto no leilão, serão duas variáveis de ajuste: preço ao cliente e tempo de instalação".

Joe Biden será o novo presidente dos EUA. Isso ajuda a Huawei no Brasil?

Segundo as fontes ouvidas pelo Canaltech, a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos EUA, confirmada no último sábado (07), pode fazer com a Huawei respire um pouco, inclusive no Brasil. Mas isso não quer dizer que as coisas serão mais fáceis.

"Os norte-americanos sempre foram protecionistas, democratas ou republicanos. Sendo Biden ou Trump, não acredito que a política americana vá mudar muito em relação à China. No Vale do Silício, em tese, mais liberal, todas as empresas estão impondo maior controle em relação à atuação chinesa", afirmou o ex-executivo com passagens diversas empresas fornecedoras de equipamentos de telecom. "Dito isso, a tendência é que a pressão em cima da Huawei perca força, inclusive no Brasil, já que o governo Bolsonaro não sabe como será o seu relacionamento com a administração Biden. Logo, banir a Huawei e se desgatar com o seu maior parceiro comercial, a China, seria uma jogada pouco inteligente".

Já para João Moura, da TelComp, a pressão sobre a Huawei diminuiria de qualquer forma, independente do vencedor das eleições: "A postura do Trump era eleitoral, pressionar a China era um cavalo-de-batalha dele e, ma vez vencendo as eleições, não seria interessante continuar insuflando essa guerra", afirmou. "E com Biden no poder, acredito que o pragmatismo em relação à China dará o tom. Muitas empresas americanas têm negócios com a China, dependem dela para fabricar seus produtos. Logo, a pressão tende a diminuir. E, isso valerá também no Brasil, que não deverá ser tão pressionando pelos EUA em relação a Huawei com Biden no poder".

Por fim: quais são as chances da Huawei sair do Brasil?

De acordo com as nossas fontes, é muito difícil que a Huawei seja banida do Brasil. Primeiro porque expulsar a empresa do país criaria um desgaste dos grandes com a China, uma das maiores parceiras comerciais do país, destino de 40% das exportações brasileiras no primeiro semestre, segundo dados do Ministério da Agricultura. As vendas para o país asiático, principalmente de soja, geraram mais receita ao Brasil do que geraram os Estados Unidos, América Latina, Europa, África e Oriente Médio somados.

Além disso, os grandes conglomerados de telecomunicações também não veem muita vantagem em banir a Huawei de suas infraestruturas. "Se empresas como a Telefônica banirem a Huawei, elas precisarão fazer isso em todos os países em que atuam, o que geraria um investimento vultuoso para trocas", afirmou Moura, da TelComp. "Caso esse banimento seja parcial, ela perde dinheiro na escala global de compras de equipamentos, já que terá de negociar em duas frentes, com diversos fornecedores diferentes. Comprando de apenas um fornecedor, você pode negociar preços melhores".